quarta-feira, 13 de junho de 2012

Uma lembrança imaginária



Ela teve consciência de uma outra vida em que foi expulsa ou algo assim, foi banida, rejeitada, jogada para fora como se fosse a verdadeira peste. Em seu ser havia medo e raiva, muito raiva... E com seu coração despedaçado prometeu se vingar... “Nunca mais vão me ver e nunca mais terão acesso aos meus dons..." E assim ela sobreviveu fazendo uma couraça, uma armadura de ferro, sofreu todas as privações e dentro de seu mundo interno aprendia a lidar com a dor tamanha de ser só. Levou isso para outras vidas e seguiu só... Mas sua natureza dizia que precisava acompanhar a mudança dos tempos, aprender a perdoar de verdade... E a cada existência nesta terra abria um pouquinho e deixava fluir seu dom, mas a dor enrijecida dentro não a deixava se envolver verdadeiramente com nada e com ninguém. Não percebia que a decisão de não deixar que ninguém a visse fazia mal apenas a ela mesma. Depois de séculos e séculos na armadura, agora tenta encontrar uma maneira de curar a dor e sair da armadura, está em processo, vai conseguir e o sol vai brilhar de novo dentro dela.