COMO ÁRVORE CORTADA

Ela se considerava da família e era minha babá. Se sentia tão da família que pensava que podia usar as roupas da minha irmã, leva-las para casa no final de semana, sem pedir nem nada. Também pensava que podia levar malinha com mantimentos. Era uma pessoa muito importante para mim. Um dia minha mãe descobriu a malinha de roupas e mantimentos e a babá entendeu que não era da família, que teria que pedir permissão para levar as coisas de casa, que não podia usar roupas da minha irmã. Foi demitida. Foi embora sem me dizer tchau. E eu, pequena, fiquei como árvore que lhe cortaram um pedaço sem aviso. Fiquei sentada no abandono.

Ao publicar esta memória eu te convido a limpar memórias de abandono, sensações de que não é importante o bastante, de que não é amado.

DOIDA DE JOGAR PEDRA EM AVIÃO

Assistia TV e disse em voz alta:

- Nossa, esta mulher é "doida de jogar pedra em avião".

Anna Beatriz com cara de espanto perguntou:

- O que Dedéia? Doida de jogar pedra em avião?

- Sim, meu amor, esta é uma expressao que quer dizer... Bom... Vamos lá, vou tentar de explicar.
Imagine que tem uma pedra no chão. Imaginou?

- Sim, Dedéia.

- Agora imagine que você se abaixa e pega esta pedra.

- Ok Dedéia e fez o gesto como se pegasse a pedra.

- Imagine agora que tem um avião lá no alto, voando.

- Olhou para cima e disse: OK.

- Agora jogue a pedra. O que acontece?

- Fura o avião Dedéia?

- Não meu amor, o avião está muito longe e pensar que pode acerta-lo é loucura. O que acontece com a pedra se ela não vai até o avião?

- Ela cai Dedéia.

- Então, cai em cima da mulher. Jogar pedra em avião é loucura porque vai cair em cima da pessoa mesmo.

- Dedéia...  Imagine que tem uma pedra no chão. Imaginou?

- Sim, Anna Beatriz!

- Agora imagine que você se abaixa e pega esta pedra.

- Ok amor e fiz o gesto como se pegasse a pedra.

- Imagine agora que tem um avião lá no alto, voando.

- Olhei para cima e disse: OK.

- Agora jogue a pedra.

- Joguei...

- Corre Dedéiaaaaaaaa!!!!