terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

COMO ÁRVORE CORTADA

Ela se considerava da família e era minha babá. Se sentia tão da família que pensava que podia usar as roupas da minha irmã, leva-las para casa no final de semana, sem pedir nem nada. Também pensava que podia levar malinha com mantimentos. Era uma pessoa muito importante para mim. Um dia minha mãe descobriu a malinha de roupas e mantimentos e a babá entendeu que não era da família, que teria que pedir permissão para levar as coisas de casa, que não podia usar roupas da minha irmã. Foi demitida. Foi embora sem me dizer tchau. E eu, pequena, fiquei como árvore que lhe cortaram um pedaço sem aviso. Fiquei sentada no abandono.

Ao publicar esta memória eu te convido a limpar memórias de abandono, sensações de que não é importante o bastante, de que não é amado.

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