domingo, 28 de novembro de 2010

VELOTROL OU BICO?


Quando eu morava em Águas da Prata eu adorava bicos. Tinha uma correntinha no pescoço com dois ou três deles e ainda mantinha sempre um na boca. Meu pai um dia me fez uma proposta: - Se você largar o bico Keli, eu te dou um velotrol. Aceitei na hora. Logo depois meu pai trouxe o velotrol, lindo... Eu sentei nele e comecei a  aprender a andar e disse pra ele: - Vou ficar com os dois, o bico e o velotrol... Meu pai levou embora o velotrol e nunca mais ganhei um... Aprendi que é importante cumprir a palavra, cumprir o prometido e também escolher o que é mais importante. Larguei o bico logo a seguir, mas fiquei sem os dois. Escolhas infantis... 

Abraços

Keli

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Desobediência

Na minha infância meu pai tinha um rancho. Íamos pra lá todo final de semana. Nadar, pescar, brincar, um paraíso e agradeço ao meu pai por isso. A represa ficava mais embaixo e a casa e a piscina ficavam em cima da montanha. Num dia chuvoso a represa estava parecendo mar, ondas iam e vinham e eu queria de todas as maneiras ir lá embaixo e minha mãe não queria deixar... Lembro que insisti tanto que ela disse: se você for vai acabar machucando e eu não vou te ajudar! Era o que eu precisava pra ir e fui... Mãe sabe das coisas... Desci com pressa e havia um cano que segurava a canoa e eu antes de chegar na represa passei minha cintura por ele, machuquei mesmo... Nem saiu sangue, dava para ver uma camada branca de tão fundo que foi o corte. Tenho a cicatriz aqui... Na hora lembrei das palavras da minha mãe e aprendi a ouvir melhor as pessoas que amo.

Abraços

Keli

domingo, 21 de novembro de 2010

Pedra no olho

Tinha muitos amigos quando criança. A vida era recheada de encontros com primos, primas, colegas de escola... Uma alegria só...  Tínhamos o costume de fazer uma brincadeira que era bem divertida. Ficávamos em círculo cada um com um bastão (um pedaço de pau) e uma bola. Lançávamos a bola e rebatíamos com o bastão. Um dia, não tínhamos bola e resolvemos fazer a mesma brincadeira com uma pedra. Desta vez não foi tão divertido e a brincadeira durou poucos minutos. Em círculo Marco pega a pedra e lança com o bastão e sem duvidar do endereço a pedra se dirigiu com toda velocidade para meu olho direito... Meu Deus que dor!!! Acabou o encanto, nunca mais brinquei disso. A pedra me machucou com força e fiquei machucada por mais de uma semana...


Aprendi que devemos usar os meios corretos para se chegar a um fim. Que improviso pode dar errado. Que a segurança é fundamental na vida. Que criança não tem noção de perigo. Que alguns erros machucam mais do que outros.


Meu primo Evans, no dia anterior ao meu casamento, me contou sua visão deste episódio. O caminho da pedra, a reação que tive, a reação das crianças... Conheci uma ótica que não tive acesso na época.


Coisas de criança...


Abraços


Keli

sábado, 20 de novembro de 2010

LAVAR A ALMA

Lavar a alma é desfazer os nós do apego.


Fechar portas com honra usando chave de ouro.


Deixar o passado ir sem as amarras do ressentimento. 


É limpar e tirar de si poeiras e lodos que atrapalham o fluir da vida, o caminhar, o se abrir para o novo que a vida tem a oferecer.


É libertar-se e em consequência disso libertar o outro para ser em outras instâncias.


É fazer pérolas com os sofrimentos e se permitir usá-las em outros carnavais. 


Coração fechado é diferente de coração limpo. Coração fechado fica preso ao passado, é beco sem saída. Coração livre é igual passarinho que pode voar por todos os lugares.


Lavar a alma e despedir-se com gratidão daquilo que já foi e não será mais. 


É agradecer o fim com leveza e suavidade.


Sou grata.


Abraços


Keli

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Cheque nominal ou ao portador?

Lembro-me que estava aprendendo a preencher cheques na escola. Sempre amei estudar e tinha uma necessidade de praticar o que aprendia. Minha mãe estava apressada, precisava preencher o cheque para pagar uma conta e eu mais do que depressa vi uma oportunidade de preencher um cheque de verdade. Pedi e ela me deixou preenchê-lo. Acho que era a última folha e fui preenchendo com todo esmero e cuidado. Escrevi no cheque como aprendi: ... ao portador... 


???


Minha mãe olhou o cheque e  ficou muito brava e acabei levando uns tapas... 


A aprendizagem com essa experiência?


 Hipóteses:


Nunca devemos preencher o cheque "ao portador"?
Preencher cheques dói?
Só emita cheques nominais?
Não atrase sua mãe?
Quem erra apanha?
É errado demais errar?


Rrrsss


Deixando as brincadeiras de lado... Aprendi que antes de executar uma tarefa que ainda não domina o suficiente pergunte exatamente como a pessoa deseja que seja feito...


Mãe, quer que eu coloque o cheque nominal?


Antes tarde do que nunca, não é mesmo?


Abraços 


Keli

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Fazes-me falta


Não sei o que fazer.

Não é amor também sei.
Uma necessidade de fechar a porta e assim mantê-la.

Esta porta não pode ficar entreaberta. Não quero.

Quero a alegria, a harmonia, a paz 
e o prazer permeando tudo que é preenchido pelo amor.

Eu abro a porta para que as mágoas e ressentimentos saiam.
Todas elas e todos eles. De verdade.

A intenção move à ação.

Depois que se vão, me despeço e agradeço.
Sigo em frente.

Adeus passado. Eu te deixo ir definitivamente.

muchas gracias soy grata thanks. Grata.

Grata a Inês Pedrosa por Fazes-me falta...

"Como sabes, eu vivo por relâmpagos, contigo partilhei uma trovoada um pouco mais longa do que o habitual. Foi apenas isso."

Bye

Keli

O beija-flor



No último dia na Fazenda Pacu, um homem estava pescando com a família e amigos quando lançou a isca no momento exato que passava um beija flor. Ele caiu na lagoa e não conseguia voar... O pescador entrou na canoa, foi até onde o beija-flor estava, o pegou e entregou nas minhas mãos.  Estava com a asa quebrada. Eu te entendo beija-flor, já me senti assim. Já devo também de uma outra maneira ter lançado a isca e machucado algum passarinho... Queria que ele se curasse, tentei cuidar, pedi ajuda, mas todos me diziam que não ia ter jeito. Ele só se alimenta de pólen, não vai sobreviver, me disse o Mário. Pedi para Ismael que tem nome de anjo para cuidar dele... Ele o colocou no viveiro. Fui lá olhar. Tinha que ir embora e fui com coração partido. Passei no curral de búfalos para pedir para Salatiel cuidar do passarinho.

Tem coisas na vida que a gente tem que aceitar. Queria leva-lo para casa e Marlene me alertou de que se ele ia morrer tinha que ser no lugar dele, não em um apartamento.
É verdade eu disse.

A dor é inevitável e o sofrimento a gente transmuta.

Voa beija-flor por outros céus no interior do todo...

Keli




Leite de Búfala

Quando eu tinha uns quatro anos, estávamos na casa da tia Vandete eu, primas e primos. À tarde tio Paulo ia nos levar para a fazenda tal que tinha búfalos... Que alegria... Então logo depois do almoço adormeci e quando acordei... Onde estavam todos os primos e primas e tio Paulo? Tinham ido pra fazenda, não quiseram me acordar. Fiquei a tarde toda imaginando-me na fazenda com eles e quando chegaram me contaram os detalhes e sobre o fato de terem tomado leite de búfala... Disseram que parecia doce de leite... E então fiquei com essa imagem gravada e na hora até imaginei o gosto... Fiquei com vontade de tomar o leite... E até algumas semanas eu não tinha experimentado, a não ser em forma de mussarela. Fui pescar numa fazenda, na Fazenda Pacu e não é que realizei um desejo de infância lá! Tomei leite de búfala e apesar de ser o mais branco leite tem um gostinho de doce de leite mesmo, ou pelo menos é mais docinho. Não pesquei nenhum peixe, é certo, quando fisgou eu não soube segurá-lo e ele se soltou com anzol e tudo, arrebentou a linha... Mas valeu o gostinho de leite e do peixe fisgando a isca...

Metáforas ativas da vida.

Meu sorriso para a natureza!

Keli

domingo, 14 de novembro de 2010

sabonete de limão e o embornal


 Tinha três anos e meio quando Gisele me alfabetizou. Na verdade ela me ensinou mais. Aprendi com ela a aprender... Mais do que isso... Aprendi a gostar de aprender, ler, conhecer... Morávamos em Socorro e todos os dias depois do almoço íamos para a casa dos fundos brincar de escola. Na aula dela quando chegava a hora do recreio era hora de ir embora. Amava aquelas aulas. Obrigada minha irmã por ser amor e exemplo. Love you.

Pois então. Quando tinha cinco anos nos mudamos para Monte Santo. Meus pais me colocaram na escola e lembro de estar desenhando e fui levada para uma prova, um teste... Ia passar para a primeira série, pra sala da Valéria, amiga querida desde então. Eu tinha que ir mesmo eu já sabia ler, escrever... Primeiro dia de aula, super feliz por estar na escola... Bateu sinal para o recreio e como de costume eu guardei meus materiais no embornal e tranquilamente fui me dirigindo para a saída da escola.  A escola era diferente da escolinha em Socorro... Chegando no portão ouvi minha professora gritando, me chamando. Parei e esperei ela chegar até mim. Estava meio assustada. Tinha feito algo errado mas ainda não sabia o que era. A professora chegou perto e perguntou: aonde você vai Keli? Vai embora? E eu não querendo mostrar que não sabia que não podia ir embora, disse: Não, não estou indo embora não. E ela: Por que está com embornal então? E eu: Eu ando sempre com embornal!  E a partir daí, todos os dias e em todos os lugares e aulas na escola eu ia com o embornal... A fotografia da turma no final do ano comprova o que estou dizendo. Se a mostrasse aqui você não teria dificuldades para me identificar. A que está com embornal...  Na segunda série abandonei o coitadinho, já velho de tanto uso.

O que aprendi com isso? Ainda elicio aprendizagens... Aprendi que é melhor dizer a verdade, porque sustentar uma mentira pesa, dói os ombros, castiga a gente. Que carregar embornais e malas sem necessidade não ajuda em nada... Podemos tirá-los simplesmente descartá-los...

E sigo aprendendo inclusive agora que escrevo essa memória.

Sou grata a todas estas memórias e ao compartilhá-las eu as deixo ir... Que o Divino, a Divindade, Deus, Universo liberte e transmute em pura luz.

 Sinto muito, te amo, me perdoe, sou grata.
Sinto muito, te amo, me perdoe, sou grata.
Sinto muito, te amo, me perdoe, sou grata.
Sinto muito, te amo, me perdoe, sou grata.
Sinto muito, te amo, me perdoe, sou grata.
Sinto muito, te amo, me perdoe, sou grata.

Vou fazer sabonetes de limão.






sexta-feira, 12 de novembro de 2010

SILÊNCIO

O silêncio

Não consigo te entender.
Mas como poderia não entendo nem a mim mesma.
Mas poxa vida, faça alguma coisa.
Vou sair para ver se mudo a perspectiva.
Quero te ver.
Preciso te dizer algumas coisas que agora não sei o que são ainda.
Estão amorfas e só as direi a você.
Se demorar muito eu espero.

Bjs
Keli


terça-feira, 2 de novembro de 2010

Xixi na cama

Fiz xixi na cama até 6 anos de idade. Um dia, estava na primeira série, fui dormir na casa da minha professora que era mãe da minha melhor amiga e nossa vizinha. Xiiiiii... Fiz xixi na cama... Que vexame... Mas aconteceu! Depois de algum tempo estávamos na escola, em nossa sala de aula, a professora saiu e a irmã dela que também era professora na escola entrou na sala e disse: Quero falar com vocês sobre o trabalho que a Keli está dando para a mãe dela fazendo xixi todos os dias na cama... Puxa... Ela não tem idéia do trauma!!! Tive que superar e depois de adulta fiz um trabalho para desbloquear a situação traumática que ficou congelada em mim... Aprendi que a gente nunca deve expor uma criança, principalmente  na frente de outras...


Professores... Muita atenção com isso!!!


Abraços


Keli

Saudades da minha boneca

Uma vez, eu morava em Águas de Prata, tinha uns 3 anos e uma boneca que amava... Morávamos em um apartamento que ficava em cima do banco que meu pai trabalhava. Estava brincando com uma amiguinha, conversando e subi para casa... Quando cheguei lá... Cadê a minha boneca? Esqueci perto da escada no portão para a rua... Voltei correndo e a boneca não estava mais lá... Sensação de perda, nunca mais a vi...

Saudades bonequinha... Se ama, cuide direitinho... Não deixe para trás...

Beijos

Keli

PARQUE DE DIVERSÕES - O brinquedo de bolinhas...

Lembro que quando era pequena vim passar férias em Belo Horizonte e meu padrinho nos levou, eu e minhas primas, a um parque de diversões. Imagine a alegria! Quando chegou a vez de brincar em um lugar cheio de bolinhas, era um brinquedo fechado e as crianças entravam e ficavam pulando lá dentro, eu fiquei com medo e do lado de fora via minhas primas brincando... Estava morrendo de vontade de entrar e não tive coragem. Hoje penso que deveria ter entrado e sempre que vejo um brinquedo assim dá vontade de entrar... Só que agora tenho quarenta anos e já não dá mais... Aprendi que é preciso arriscar. Melhor se arrepender do que fez do que  do que não fez...